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A Guerra de Canudos se deu no sertão da Bahia entre novembro de 1896 e outubro de 1897. Foram, portanto, necessários onze meses e o envio de quatro expedições republicanas-militares (total de 50% do exército brasileiro da época) para a destruição definitiva do resistente arraial de Belo Monte. Transcorrida mais do que uma centena de anos daquele que certamente foi o mais dramático conflito fratricida da história brasileira – que como triste legado tirou a vida de aproximadamente vinte mil brasileiros -, Canudos segue como ícone indiscutivelmente relacionado à resistência, religiosidade e à cultura sertanejas.

Sua história marcante segue inspirando as muitas produções, discussões e expressões culturais em territórios do semiárido brasileiro e no restante do país. Contudo, por muito tempo perpetuou-se uma olhar estereotipado e depreciativo da história do arraial do Belo Monte e de seu líder religioso e político, Antônio Conselheiro. Reduzidos à pobreza e ao fanatismo religioso, muitas características fundamentais e interessantes sobre essa experiência social brasileira são ignoradas e deturpadas pelo discurso oficial dos “vencedores”, e Canudos segue sendo mais sobre a Guerra do que sobre sua proposta comunitária.

A busca por reafirmar outras narrativas sobre o episódio parte dos movimentos populares locais que ainda hoje buscam espaço para apresentar olhares distintos, partindo dos atingidos, e evidenciando as lições de resistência, organização popular e solidariedade de Canudos. Nesse sentido, a Caminhada dos Umbuzeiros propõe um atravessamento pelos cenários reais desse inspirador episódio brasileiro, enquanto provocação de um olhar que aproxima e convida a caminhar para refletir sobre as narrativas de Canudos a partir de sua gente e sua cultura.

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